GASTOS PÚBLICOS Servidores reclamam de sucateamento após Plano de Contingenciamento

Levantamento do JC verificou que os efeitos dos tempos austeros de crise econômica e de contingenciamento já atingiram os primeiros cinco meses de vários órgãos do governo estadual. Dados do Portal da Transparência mostram que há casos em que o total de despesas caiu à metade, se comparado com o mesmo período de 2014. Os gastos com diárias, passagens e locomoção, material de consumo e “investimentos” foram os que mais reduziram, certamente resultado do Plano de Contingenciamento implantado pelo governador Paulo Câmara (PSB), em fevereiro. Se por um lado o governo comemora a “economia”, tem sido rotina dentro dos sindicatos dos servidores e pelos corredores dos

Os relatos não são poucos. “Eles falam, reclamam, mas não querem colocar seus nomes, com medo de retaliação”, pontuou Renilson Oliveira, presidente do Sindicato dos Servidores de Pernambuco (Sindiserpe). O sindicalista entende que as medidas de contingenciamento diante de uma crise econômica são importantes, porém, demonstra preocupação sobre se esse corte drástico já não compromete o serviço prestado. “Estão havendo muitas denúncias. Primeiro na estrutura, que está sendo deficiente, falta o básico: material de limpeza, de escritório, necessários ao trabalho cotidiano. Fora isso, o que tem acontecido é que alguns benefícios tem sido reduzidos: como hora extra e diárias. Espero que isso não leve o Estado a reduzir a aplicação nas políticas públicas”, completou.

Entre os órgãos que apresentaram quedas expressivas nas despesas, está o Departamento de Estradas e Rodagens (DER). Em 2015, menos R$ 80 milhões deixaram de ser gastos, se comparado com o ano passado. O órgão é responsável, entre outros serviços, por construir estradas e fazer a conservação das existentes. Nesse contexto, a despesa com passagens e locomoção caiu drasticamente: de R$ 305 mil, em 2014, para R$ 8 mil, em 2015. O material de consumo também sofreu retração: de R$ 518 mil para R$ 66 mil.

O Instituto Agrônomo de Pernambuco (IPA) também teve uma queda de R$ 23 milhões no total de despesas em 2015. Neste órgão, que tem unidades espalhadas por todo Estado, a redução no chamado “investimento” foi significativa: R$ 7 milhões, em 2014, para R$ 16 mil, em 2015. O gasto com passagem e locomoção é menos que um quarto do que foi aplicado em 2015: R$ 33 mil. Relato de um servidor, que preferiu manter o anonimato, revela que o combustível disponível do mês para carros que circulam pelo interior só dura uma semana. Por outro lado, o investimento em material de distribuição gratuita se manteve quase intacto: em 2014 era R$ 4,8 milhões; em 2015 foi R$ 4,7 milhões.

Há algum tempo alvo de denúncias de “sucateamento”, a Universidade de Pernambuco (UPE), se somadas todas as suas 13 unidades, teve um acréscimo na despesa total em 2015 de R$ 14.515.830,63. Contudo, as unidades hospitalares da UPE foram afetadas pelo contingenciamento, como o Procape, que gastou menos R$ 3 milhões em 2015, e o Hospital Oswaldo Cruz, menos R$ 1 milhão. “A economia é necessária. Mas é preciso saber se os cortes estão sendo bem feitos. Teve uma servidora que reclamou que estava trabalhando no escuro, porque não queriam trocar uma lâmpada. Não é de hoje que a UPE como um todo sofre com a falta de investimento. Então, reduzir o que já era reduzido vai afetar os serviços”, argumentou o presidente do Sindicato dos Servidores da UPE, José Rosas.

Quanto às atividades universitárias, o presidente do Sindicato dos Professores da UPE, professor Sérgio Galdino, cita o não repasse de verbas federais relativas ao mestrado stricto sensu. “Isso tem impedido de pagar passagens e diárias a participantes de bancas. A consequência é a diminuição da produção acadêmica, que afetará a avaliação futura dos cursos”. Ele é professor na Escola Politécnica e relata que as queixas tem sido recorrentes. “Houve redução drástica nos estagiários, o que piorou muito a qualidade dos trabalhos que vinham sendo feitos. Falta material de expediente. É fato que o contingenciamento vem afetando a comunidade acadêmica da UPE”, criticou.

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Da Redação do Blog do Edy Vieira/ JC Oline

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