Pernambucana de Bodocó, no Sertão do estado, a escritora e poetisa foi considerada a autora do “livro do ano” e venceu na categoria “poesia”, com a obra “Solo para vialejo”, lançada em 2019.
“É uma viagem para dentro de mim e para dentro do Brasil”. A frase é da escritora e poetisa pernambucana Cida Pedrosa, de 56 anos, que ganhou, nesta quinta-feira (26), o Prêmio Jabuti, considerado o mais importante da literatura no Brasil.
Nascida em Bodocó, no Sertão do estado, ela foi considerada a autora do “livro do ano” e venceu na categoria “poesia”, com “Solo para vialejo”, lançado em 2019, pela Editora de Pernambuco (Cepe).
Recém-eleita vereadora do Recife pelo PCdoB, Cida participou de uma solenidade transmitida pela internet. Este ano, a 62ª edição do Prêmio Jabuti teve 20 categorias, entre literatura, histórias em quadrinhos, ensaios de artes e outras.
Todas as obras foram analisadas de acordo com os eixos: literatura, ensaios, livro e inovação. Outro destaque dessa edição foi a homenagem a uma das maiores escritoras e poetisas brasileiras, Adélia Prado.
Nas redes sociais, Cida comemorou a conquista com poucas palavras: “Sou emoção e gratidão”. Ao G1, a escritora e poetisa disse, por telefone, que estava “em uma felicidade só”. A sertaneja recebeu a premiação de R$ 100 mil.
Cida afirmou que é “a primeira mulher pernambucana a ganhar esse prêmio”. Ela comemorou o fato de receber o Jabuti no dia do aniversário do filho, Vladimir, também poeta.
A escritora contou que foram dois anos de escrita. Ela lembrou que o livro, de 128 páginas, traz “um longo poema, contando a volta dela, do mar para o Sertão, andando pela rodovia BR-232, fazendo uma viagem histórica, imaginária, de memórias pessoais”.
A poetisa se mudou para o Recife aos 14 anos, em 1978. Oitava de 15 filhos, saiu de casa para morar com um irmão que havia prometido ao pai dela estudar, trabalhar e levar os irmãos à capital pernambucana, para que tivessem uma vida melhor. A promessa foi cumprida.
“Nesse livro, é como se eu fosse fazendo os caminhos que os negros, negras e índios fizeram para o Sertão. É a história do meu povo, de Bodocó, uma cidade quem tem músicos incríveis. Vou contando desse som, dessas imagens”, declarou a poetisa.
Este ano, Cida concorreu, pela primeira vez, ao Jabuti. A sertaneja já tinha sido finalista do Prêmio Oceanos de Literatura, com o livro “Claranã”, em 2016.
Ao todo, são dez livros publicados, nos quais sempre figuram as questões sociais, a mulher, a dimensão humana, o espaço urbano, o ofício poético e as interfaces entre a literatura e outras artes.
Na última obra “Estesia”, lançada em formato digital, Cida abordou a pandemia da Covid-19 e mostrou o Recife em tempos de incertezas e agravamento de problemas conhecidos pelos moradores da cidade, como a fome, a precarização do trabalho e a solidão. (G1)