O afastamento do ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), fragiliza, na avaliação de integrantes do governo e de peemedebistas, a situação de outro ministro do partido que também está sendo investigado na Lava-Jato: Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo. No Palácio do Planalto, a percepção de auxiliares do presidente interino Michel Temer é de que Henrique Alves será o próximo ministro alvo de uma exposição que pode terminar com sua demissão.
Aliados de Temer lembram que o então vice-presidente resistia em nomear tanto Jucá quanto Henrique para seu ministério, mas que acabou cedendo graças às pressões que cada um deles fez por um espaço na Esplanada. No caso de Henrique Alves, a situação era ainda mais emergencial. Investigado na Lava-Jato e sem mandato parlamentar que lhe proporcionasse foro privilegiado, seu maior temor era cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, na primeira instância em Curitiba.
Mesmo ciente das complicações que a escolha de Henrique poderia causar, Temer o nomeou por uma “dívida de gratidão”. Alves foi o primeiro ministro de Dilma Rousseff a deixar o cargo para acompanhar a decisão do PMDB de desembarcar do governo petista. “Com a saída de Jucá, não há dúvidas de que o próximo esqueleto a ser tirado do armário será o Henrique. Vamos torcer para que depois disso as coisas se acalmem um pouco”, afirmou um interlocutor de Temer.
No início do mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a inclusão do nome de Henrique Alves e outros políticos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no maior inquérito em curso da Lava-Jato. As evidências contra Alves apareceram em trocas de mensagens com executivas da OAS. Deputados do PMDB, no entanto, defendem que o governo tenha paciência com Alves. “Os ministros são investigados, mas não estão condenados. No caso do Jucá teve o agravante do áudio, o que não tem com o Henrique”, afirmou Hugo Motta (PMDB-PB).
Da Redação do Blog do Edy Vieira