Com uma estiagem prolongada que já dura quatro anos no Nordeste, mais de duas mil famílias sofrem com a seca em comunidades de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O problema, que deveria ser amenizado com carros-pipa, piorou depois que os caminhões pararam o fornecimento na zona rural, por falta de pagamento do governo estadual.
A “Operação Carro-Pipa” é atualmente feita somente pelo Exército, que faz distribuição em cisternas comunitárias. Antes, o serviço contava com a parceria do Instituto Pernambucano Agronômico (IPA) e da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). Os órgãos estaduais informaram que o calendário de pagamento passa por revisão e os débitos serão quitados, mas não deu uma previsão de quando o valor total será pago.
Segundo dados do Ministério da Integração Nacional, Pernambuco ocupa a terceira posição no ranking dos estados brasileiros em situação de emergência, com 68% dos municípios afetados pela forte estiagem. Só perde para os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Dos 185 municípios, 125, estão em situação de emergência.
Onde falta água, quem tem algum tipo de renda consegue amenizar o sofrimento comprando abastecimento por caminhão-pipa, pagando entre R$ 100 a R$ 150. Mas, para muitos que estão desempregados, é preciso contar com o apoio de outros moradores. Nas casas não existe água encanada e tudo é muito regrado. Para algumas famílias falta água até para beber.
A agricultora aposentada Angélica Joana dos Santos, de 70 anos, nasceu e cresceu no povoado de Cristália, a 70 km de Petrolina. Mãe de três filhos, mora com um neto de 23 anos. Na casa simples, de taipa, com apenas um quarto, com uma rede, uma sala e uma cozinha, a agricultora fala dos dias difíceis sem água. Segundo a aposentada, o carro-pipa não chega à localidade há quatro meses.
“Água só vem agora quando alguém compra e divide um pipa e me dá. Aí dá para labutar. Já teve dia que não tinha um pingo de água para beber, nem para fazer comida. Se chegasse uma mulher para fazer uma colher de chá para um menino, não tinha. Ai eu fiquei quietinha aqui [quando faltou água], foi quando um neto meu chegou e pegou uns baldinhos de água em outra casa e eu consegui labutar”, contou.
Da Redação do Blog do Edy Vieira/G1