O debate entre os candidatos ao Governo Paulo Câmara (PSB), Armando Monteiro Neto (PTB) e Zé Gomes (PSOL), promovido pela TV Clube na noite dessa sexta-feira (26) e madrugada deste sábado (27), mostrou que eles estavam mais preocupados não em ganhar, mas sim em não perder voto. E a cautela prevaleceu.
Depois de tantas entrevistas, sabatinas e debates, os candidatos já estão escolados demais e partem para fazer apenas o correto, na medida certa para evitar prejuízos eleitorais. Junte-se a isso um formato que não permitiu embates ao menos mornos.
No primeiro bloco, perguntas temáticas limitaram a margem de enfrentamento. Sobraram questionamentos ao atual modelo de gestão no Estado, mas nada com muita contundência. A exceção ficou por conta do debate sobre o tema educação. Isso porque houve uma rara dobradinha entre Zé Gomes e Armando. Só aí, houve espaço para alguns ataques mais fortes ao Governo Estado e ao candidato da situação, Paulo Câmara.
Na segunda etapa, as perguntas da população – que chegaram a repetir temas já abordados no primeiro bloco -, não davam direito a réplica dos adversários. Ou seja, os candidatos de oposição criticavam, Câmara exaltava as duas gestões de Eduardo e por aí ficou.
Nem quando os postulantes puderam perguntar uns aos outros com temas livres, no terceiro bloco, o encontro ganhou em emoção. Os candidatos não fugiram do script dos blocos anteriores. Perguntas e respostas calculadas, sem ousar, sem arriscar.
Cada qual com sua estratégia. Líder nas pesquisas, Paulo Câmara realçou as ações dos governos Eduardo e João Lyra. Um detalhe chamou a atenção. Diferentemente dos outros encontros, o socialista citou apenas três vezes o nome do ex-governador Eduardo Campos, numa demonstração que busca uma faixa própria na disputa.
Já Armando Monteiro Neto procurou colar de vez o seu nome com o da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), que voltou a crescer com consistência nas pesquisas. Também voltou a adotar a estratégia de carimbar em Câmara a pecha de cobrador de impostos, em pergunta no último bloco.
Já Zé Gomes, quem melhor deu a sua definição foi Armando Neto: “Zé, você defende um modelo de gestão que não sei bem qual é. Se é híbrido, se é um socialismo radical…” E por aí. Dono de uma boa retórica, o candidato do PSOL é uma metralhadora verbal. Fala constantemente em inversão de prioridades, participação popular, mas nada palpável.
Na próxima terça-feira tem novo encontro, na Globo. É aguardar para ver se depois de tantos encontros, os candidatos ainda conseguem trazer algo novo para o embate.
Da redação/Folha de PE