A presidente Dilma Rousseff (PT) conquistou a reeleição, neste domingo, e encontrará um País diferente. Nos discursos tanto da presidente como do seu adversário no segundo turno, Aécio Neves (PSDB), a linha foi a mesma: a busca pela reunificação nacional, depois de uma das eleições mais acirradas da história recente do País, só comparada à disputa de 1989 entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva.
O segundo turno, da forma que se deu – polarizado e centrado principalmente em denúncias, colocando os debates dos projetos para o Brasil em último plano –, dividiu o País da pior forma possível: por meio do ódio.
Desarmar os palanques seria o caminho lógico, lúcido, racional. Mas não será uma tarefa fácil. Essa racionalidade não conjuga com a política. As feridas abertas foram graves e profundas. As urnas deram o tom da divisão que, se for pela política apenas, deverá permanecer pelos próximos quatro anos: 51,64% para Dilma, contra 48,34% para Aécio.
Nunca a oposição chegou tão perto do candidato governista como neste segundo turno. Isso significa uma nova relação no Congresso Nacional. Some-se a isso uma população mais exigente, que foi às ruas em junho passado, adormeceu, e acordou no segundo turno desta eleição.
O Brasil discutiu o Brasil. Nas esquinas, nos bares, nos bancos, nas escolas, a população debateu política. Não importa se com argumentos enviesados, ou fora do contexto histórico, o povo discutiu os dois projetos, vestiu a camisa, empunhou a bandeira e defendeu o seu lado. Esse talvez tenha sido o maior legado desta eleição, colocar o debate sobre o País na pauta do cidadão, que parecia distante do mundo desde junho passado.
E é isso que os dois lados têm que observar. A população não foi inerte. Viu que é possível discutir, debater, cobrar. Isso não pode ser desprezado ou ignorado pelos políticos daqui pra frente. Por isso, mais do que fazer discurso governo x oposição, eles têm que comungar com a pauta da população, deixando de lado a picuinha do embate político, como ocorreu nas últimas semanas. Mais do que nunca a unificação do País é necessária. Que ela não fique só no discurso.
Da redação.