Herói do emprego nos últimos anos, em Pernambuco, o setor da construção surpreendeu pela disparada nas demissões em 2014 e se transformou em vilão das estatísticas do trabalho este ano. Já é tradição, o setor costuma encolher a folha de pessoal por causa do recesso de Natal e Ano Novo e retomar as contratações até fevereiro. Desta vez, contudo, as demissões vieram antes do esperado, por diversos fatores, e já pipocaram em novembro. Como os dados de dezembro ainda não saíram, o resultado do setor no ano pode ser ainda pior.
O setor, vale enfatizar, ainda é um dos maiores empregadores do Estado. Mas já teve um enxugamento, no acumulado de 2014, de 19.743 postos de trabalho. E ainda faltam os dados de dezembro, que serão divulgados apenas no mês que vem.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Jorge Côrte Real, a construção enfrenta uma mistura de desaceleração do setor imobiliário, de conclusão dos grandes projetos e o aperto nas contas públicas – em municípios, Estado e governo federal. “Mas diferentemente de outros setores da própria indústria, a construção civil tem uma vantagem: recupera rapidamente o emprego”, avalia.
A transformação do grande herói da economia pernambucana em um vilão do balanço de empregos foi lenta, ao longo do ano. Mas ficou clara este mês, com a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em que desde 2003 Pernambuco não tinha uma queda sequer em novembro. Desta vez, a economia estadual perdeu 6.154 postos de trabalho formais, mais de 80% disso apenas por causa da construção.
À primeira vista, seria fácil associar a grande queda do emprego na área ao previsível fim das grandes obras, como a Refinaria Abreu e Lima, de onde nos últimos meses saíram milhares de demitidos. Parte disso é verdade. Ipojuca, por exemplo, perdeu 6 mil empregos no setor ao longo do ano, 2.201 só em novembro. Mas como explicar que foi no Recife, até agora, a maior queda da construção, um enxugamento de 8.349 empregos? Foram 1.797 postos de trabalho perdidos só em novembro.
Confira a íntegra da reportagem no Jornal do Commercio deste domingo (28).
Da redação