O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Luiz Rocha, declarou que foi encerrada, no início da noite desta quarta-feira (21), a rebelião no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife. O magistrado, que passou a tarde negociando com os detentos, disse que ocorrerão transferências para outras unidades depois da avaliação de processos de progressão de pena. Essas condições foram essenciais para que fosse firmado o acordo que pôs fim ao motim. A Secretaria-executiva de Ressocialização (Seres), entretanto, ainda não confirmou o encerramento dos tumultos, já que ainda há reeducandos fora das celas.
Em entrevista à imprensa, Rocha alegou que somente 600 detentos, dos cerca de seis mil que se amotinaram, tinham direito à progressão. Com a aceleração das análises de cada caso, 27 homens serão transferidos para as penitenciárias Agro-industrial São João (PAISJ) e Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, e para o Presídio de Palmares, na Mata Sul do Estado. Os procedimentos incluirão 13 detentos do Presídio Frei Damião de Bozzano, quatro do Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa) e dez do Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), todos componentes do Complexo Prisional do Curado.
O juiz também explicou que, até sexta-feira (23), ocorrerão mais avaliações de processos. Para isso, a 1ª Vara de Execuções Penais contará com o reforço de 25 auxiliares realocados de outros setores. “Foi difícil, mas conseguimos trazer a paz para as três unidades. Percorremos os 23 pavilhões. Falamos primeiro com as lideranças e, depois, fomos às celas”, detalhou Rocha.
Ao longo de três dias, o magistrado e a Justiça foram alvo de críticas dos presidiários, que reclamaram da morosidade nos julgamentos. Para amenizar a crise, o Governo do Estado anunciou medidas, como a contratação de 20 advogados para acelerar os procedimentos, além da implantação de presídios para desafogar o Complexo do Curado, que abriga sete mil reeducandos, mas só pode comportar 2.100.
As soluções apresentadas, no entanto, chegaram tarde para três pessoas que perderam a vida desde o início da rebelião. Na segunda-feira (19), o policial militar Carlos Silveira do Carmo, de 44 anos, foi baleado durante a inspeção da guarita que liga as três unidades do conjunto de penitenciárias. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Otávio de Freitas, na mesma região da Cidade, mas não resistiu aos ferimentos. A arma usada e o autor do crime não foram encontrados.
No mesmo dia, também foi assassinado o reeducando Edvaldo Barros da Silva Filho, 33. Na terça (20), a barbárie chegou a níveis ainda mais extremos: o detento Mário Antônio da Silva, 52, foi decapitado.
Da redação