Dois dias após sua companheira ter sido decapitada e de ter confessado o crime aos pais dela, o comerciante Renato Guilherme da Silva, de 24 anos, foi preso na noite do último sábado (21) por policiais do 9º Batalhão da Polícia Militar. A motivação do homicídio que vitimou Patrícia Pereira da Silva, de 20 anos, foi uma conversa de WhatsApp vista por Renato, em que a jovem falava com seu suposto amante e compartilhava fotos de relações sexuais.
Renato foi encontrado na avenida Sérgio Loreto, mesma via em que aconteceu o crime, no centro do município de Angelim, Agreste de Pernambuco. Segundo os policiais, ele não reagiu à prisão, efetuada por três PMs, e foi levado para a delegacia onde será encaminhado, após procedimentos burocráticos, à cadeia pública.
O crime aconteceu após a volta de um show na madrugada da última quinta-feira (19), quando Renato e Patrícia teriam discutido na casa em que moravam, na avenida Sérgio Loreto, e depois dele ver uma conversa e imagens dela com outro rapaz no celular da jovem. Renato relatou à polícia que o motivo do crime teria sido “passional”, quando teria perdido o controle, esfaqueado e decapitado Patrícia no quintal da residência. Após revelar aos pais da garota o homicídio, o suspeito teria fugido de moto e se escondido na zona rural de Angelim.
O crime aconteceu 19 dias depois de sancionada a lei que inclui o termo “crime passional” como feminicídio (assassinato de mulher por razões de gênero). O feminicídio passou a ser classificado como crime hediondo e está incluso como tipo de homicídio qualificado.
Violência doméstica contra a mulher
O feminicídio abrange desde o abuso emocional até o abuso físico ou sexual e se refere a um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma histórica dominação do homem sobre a mulher. De acordo com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher, 43,7 mil mulheres foram assassinadas no Brasil de 2000 a 2010, sendo que mais de 40% das vítimas foram mortas dentro de suas casas, muitas pelos companheiros ou ex-companheiros. Além disso, a comissão afirmou que essa estatística colocou o Brasil na sétima posição mundial de assassinatos de mulheres.
O número aparece mesmo depois de uma das pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelar que, caso a lei Maria da Penha criada há nove anos não existisse, o número de mulheres mortas dentro de casa no Brasil seria 10% maior. No entanto, o IPEA também apontou que a vigência da Lei Maria da Penha não diminuiu os casos de feminícidio. Muito provavelmente porque medidas protetivas — como casas de acolhimento para a vítima de violência doméstica — ainda não funcionam efetivamente.
Uma iniciativa positiva nesse sentido parte da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que está construindo uma casa de passagem em cada capital brasileira, mas o número ainda é longe de atender à demanda de segurança das vítimas de agressão.
Da redação d blog do edy.com.br