Logo após a reunião que oficializou a saída do PMDB do governo de Dilma Rousseff, parlamentares governistas minimizavam nesta terça (29) o impacto da decisão, afirmando que seria preciso acompanhar o comportamento de cada membro do PMDB na Câmara e no Senado.
Apenas quatro diretórios regionais do partido não enviaram representantes para a reunião: Alagoas, Pará, Sergipe e Mato Grosso. Na Câmara, o partido tem 69 deputados. São necessários 342 votos para aprovar o impeachment na Casa.
Indecisos
Entre os que não participaram da reunião e ainda se dizem indecisos quanto ao voto sobre o impeachment, o deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT), disse estar “tomando pé da situação”.
“É muito cedo ainda para tomar uma decisão, até porque a presidente Dilma ainda nem entregou a sua defesa”, disse Pereira à reportagem.
“Meu voto está indefinido. Precisamos ver se esses motivos levam mesmo à cassação de mandato conquistado pelo voto popular.”
O deputado, contudo, afirmou que a decisão do diretório nacional de deixar o governo vai ser um dos componentes a serem avaliados para sua decisão e disse não temer a pressão nas próximas semanas.
“Pressão é normal. Todo político que exerce um mandato sofre pressão.”
A deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher do senador Jader Barbalho, disse que não esteve na reunião do partido por estar se recuperando de uma cirurgia no dente, mas que apoia a decisão da sigla com relação ao desembarque.
“A questão do impeachment é outra conversa. Tenho que ver o andar da carruagem”, disse.
“Não é questão de ser a favor ou contra. Quando eu vejo falar golpe, eu tenho minhas dúvidas. Não quero tomar nenhuma atitude que, mais tarde, eu venha a me arrepender.”
Mãe do ministro Helder Barbalho [Secretaria Especial de Portos], Elcione disse ter orientado o filho a “agradecer” ao governo e “seguir a orientação do partido”, deixando o cargo.
“Conversei ontem com meu filho, com o Helder, disse que ele entregasse o lugar, porque, afinal de contas, era questão do partido. Disse: vá lá, agradeça e siga a orientação do partido. Agora entregue seus trabalhos tudo direitinho”, afirmou.
“A gente tem que ser grato pelas oportunidades que se tem dentro de qualquer partido. Essa educação pelo menos eu dei para os meus filhos.”
Governistas
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence, disse que será preciso “esperar o impacto da decisão” da direção do PMDB nas bancadas da Câmara e do Senado antes de dar um diagnóstico sobre a saída do partido do governo.
“Esse tema da legalidade democrática é muito relevante e parece que tocou alguns [parlamentares] como tocou uma parcela da população”, afirmou o petista, dizendo que é “natural” que haja agora conversas entre petistas e os deputados do PMDB.
“É natural, vamos encontrar [no plenário] e vamos conversar.”
Da Redação do Blog do Edy Vieira/Folha de -PE