Taquaritinga do Norte, a 164 km do Recife, chama a atenção pelo clima ameno, produção de café orgânico e oferta de práticas esportivas como o voo livre e motocross. No último domingo, a cidade se destacou por ser a única de Pernambuco onde Aécio Neves (PSDB) conseguiu vencer Dilma Rousseff (PT). Isso foi possível porque duas das principais forças políticas municipais, mesmo em lados opostos, reforçaram o comitê do tucano. Dessa forma, Aécio ficou com 51,52% dos votos dos 17.525 eleitores locais contra 48,48% da petista.
Aécio recebeu o apoio do prefeito José Evilásio (PSB) e do seu principal opositor, o ex-prefeito e hoje vereador Jânio Arruda (PSD). Os dois votaram em Marina Silva (PSB) no primeiro turno e depois convergiram para o PSDB como consequência natural da aliança nacional e estadual entre socialistas e tucanos. Agora, disputam para ver quem mais contribuiu com o sucesso da campanha de Aécio.
Evilásio garante que Aécio só venceu Dilma em Taquaritinga porque teve o seu apoio. “Se eu tivesse dito que era para votar em Dilma, ela teria sido vencedora. Aécio perdeu contra a gente no primeiro turno. Depois que foi representado por nós, passou para mais de sete mil votos”, disse.
O prefeito afirma que seu grupo político trabalhou forte por Aécio. “O que a gente fez no primeiro turno por Marina fez depois por Aécio. O governador Paulo Câmara (PSB) me ligou para dizer que fiz o dever de casa. O outro (Jânio Arruda) quer pegar carona agora. Quando o menino é bonito, todo mundo quer ser o pai. ”, falou.
Líder da oposição ao prefeito, Jânio Arruda tem uma versão diferente sobre a eleição em Taquaritinga. “Sempre votamos no PSDB. Já o grupo do prefeito não tem essa vinculação. Eles votaram no partido pela primeira vez e praticamente não fizeram campanha”, rebate.
Jânio Arruda ressalta que o empenho maior pró-Aécio tem a sua assinatura. “Tínhamos um comitê de apoio a Eduardo e depois a Marina, onde incluímos o nome de Aécio. Foi um dos poucos comitês do tucano no interior. O prefeito não teve comitê no segundo turno para Aécio”, destacou.
Apesar do clima acirrado entre os políticos, o ambiente em Taquaratinga era de bastante tranquilidade um dia após a votação para presidente. No centro da cidade, pouquíssimos veículos ou residências estavam marcados por adesivos ou outros materiais de campanha alusivos a Dilma ou Aécio.
Os moradores também evitaram falar de política. Uma das poucas que se dispôs foi a vendedora Priscila Santos, 22 anos. “Quase toda a cidade ia votar em Eduardo Campos. Ele morreu e votamos em Marina. Depois, não tinha como votar em Dilma. A maioria das pessoas que conheço votou em Aécio mesmo”, contou.
VICE-PREFEITO APOIOU DILMA
A presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu o apoio do vice-prefeito de Taquaritinga Ivanildo Bezerra (PDT). Rompido com o gestor da cidade, ele diz que não ficou frustrado com a derrota da petista nas urnas do município. “Lutamos contra o alto escalão da cidade, formado pelo atual prefeito e por muitos ex-prefeitos. Diante disso, até que tivemos uma boa votação”, ressaltou.
Dos 7.340 votos que Aécio recebeu, a maioria se concentrou na área urbana. O tucano também venceu no distrito de Gravatá de Ibiapina. Já Dilma, que recebeu 6.908 votos, venceu o rival no distrito de Pão de Açúcar e nas áreas rurais, principais beneficiadas por ações sociais do governo federal como o Bolsa Família.
Entre os opositores a Dilma, há expectativas diferentes sobre como a presidente irá tratar a cidade após a derrota nas urnas. “Não creio em retaliação. O primeiro governo Dilma liberou vários recursos para Taquaritinga, máquinas, verbas para creches, programas de saúde. Não há porque retaliar uma cidade tão pequena quanto Taquaritinga”, avaliou Jânio Arruda.
O prefeito José Evilásio se prepara para uma atitude menos nobre da presidente. “Provavelmente vai ter (retaliação). Mas temos um parceiro intermediário para nos ajudar, que é o governo do estado. Ele fará com que nossa autonomia seja assistida”, observou o gestor.
Da redação/JC