O primeiro Dia de Finados após a morte de Eduardo Campos (PSB) foi marcado pela comoção e por homenagens ao ex-governador de Pernambuco, neste domingo (2). Durante toda a manhã, admiradores prestavam seu respeito deixando flores no túmulo do socialista, que está enterrado ao lado do seu avô e ex-governador Miguel Arraes, no cemitério de Santo Amaro.
Eduardo Campos, então candidato à Presidência da República, morreu na manhã do dia 13 de agosto deste ano em um grave acidente aéreo em Santos (SP). O jatinho em que estava caiu vitimando outras seis pessoas, entre pilotos e assessores.
Entre as pessoas que foram até o local prestar homenagens ao ex-governador estava a aposentada Maria José Reis, 65. Ela disse que visita com frequência o cemitério como “um meio de conversar com Deus e com os que se foram”. Ela não compareceu ao enterro do socialista, mas esteve no túmulo uma semana depois. “Eu achava ele uma pessoa inteligente. Meu pai elogiava muito o avô dele”, disse a aposentada.
E como não poderia ser diferente, a política também estava na pauta: “Sabia que ele não ia ganhar a eleição”, afirmou. E completou: “o povo tem o governo que merece”.
A cuidadora de criança Darcy Mesquita, 50, disse que 2014 foi um ano surpreendente. “Estava muito esperançosa quando ele se candidatou”, revelou, afirmando que “a gente até hoje não acredita direito”. Para ela, Campos deixou um legado de sonho de Brasil melhor e ele seria vitorioso nas eleições. “Poderia estar hoje na Presidência”, disse.
A empregada doméstica Vera Lúcia Máximo, 55, por sua vez, disse admirar não só Eduardo Campos, mas o seu avô também. “O avô nos deu terrenos. Sou agradecida aos dois por tudo o que ele fez pela minha família. Tudo de bom que ele fez. O Pacto pela Vida, onde eu moro, não falta policial”, garantiu a moradora de Roda de Fogo. Ela esteve acompanhada da filha de 11 anos, Denise.
No entorno do túmulo, as pessoas se colocavam lado a lado, olhando, às vezes em silêncio, às vezes comentado sobre a sua trágica morte. Ouviu-se até o slogan tornado popular após a morte de Campos: “Não vamos desistir do Brasil”. Muitas velas também eram acesas para o socialista e santinhos com a foto do ex-governador eram vendidos aos visitantes.
Bastante emocionada, a dona de casa Luiza Barbosa dos Santos mostrava-se indignada com a falta de resolução da morte do socialista. “Até hoje não vi justiça. Parece que o povo do mundo esqueceu”, repetia. Ela também lamentou o ocorrido. “Achei muito difícil, sinto que não foi fácil para quem ficou. É muito difícil criar filho só, eu já passei por isso”, disse, referindo-se à viúva Renata Campos.
Ela ainda pediu justiça. “A gente precisa de justiça. É preciso abrir a boca e não ficar feito que não aconteceu nada”, afirmou.
Missa e homenagem – Mais cedo, Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, ministrou uma missa do Dia de Finados, em frente à capela do cemitério de Santo Amaro. “É um dia que a gente celebra a esperança na vida eterna”, disse o religioso. “Convidamos a pensar nesse exemplo deixado pelas pessoas e a refletir na realidade espiritual de cada um”, completou Dom Fernando.
Momentos antes do fim da celebração, uma apresentação do grupo do Projeto Concerto para a Vida, que promove momentos de música nos velórios populares, homenageou o ex-governador Eduardo Campos. Ainda neste domingo, antes da bênção final, vai ter outro momento com a música chamada “Concerto para a vida Eduardo Campos” e show pirotécnico que fará a finalização. A performance é integrada – um grupo de teatro com um grupo de músicos, segundo explicou o maetro Gil Amâncio.
Após a missa, Dom Fernando Saburido ainda se dirigiu ao túmulo do ex-governador. “Vim ser solidário com as pessoas que o admiram e que são gratas a ele”, afirmou. Para o religioso, o governo conduzido pelo socialista foi muito próspero e o povo tem gratidão a ele por Pernambuco.
Da redação.