A partir de 1º de janeiro de 2015, o preço da energia pode variar mês a mês, porque passará a ser adotado um sistema de bandeira tarifária, que tem a finalidade de repassar imediatamente ao consumidor a alta do preço da energia praticada no mercado. Por exemplo, quando os reservatórios das hidrelétricas estiverem com pouca água e as térmicas produzindo uma energia mais cara, como está ocorrendo agora, esse adicional passará a ser cobrado na conta do cliente no mês seguinte.
As bandeiras serão verde, amarela ou vermelha. A aplicação delas será definida pelos representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema (ONS) e vale sempre para o próximo mês.“Na bandeira vermelha, serão adicionados R$ 3,00 para cada 100 quilowatt-hora (kWh); na amarela deve ocorrer um acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 kWh e na verde não terá acréscimo. Esses são os preços que devem vir em janeiro. No final de dezembro, serão definidas as bandeiras de janeiro e assim sucessivamente”, argumenta a diretora da consultoria C & T Energia, Conceição Cavalcanti.
Mas qual a vantagem da adoção desse sistema para o consumidor residencial ? “A vantagem é para a distribuidora de energia que passará a receber logo o que antes só chegava no reajuste anual”, responde o consultor da Excelência Energética, Josué Ferreira.
Atualmente, as distribuidoras de energia têm um reajuste anual no qual entram todas as despesas que as distribuidoras tiveram a mais para entregar energia na casa do consumidor. Por exemplo, este ano a energia ficou mais cara por causa da produção das térmicas. Com as bandeiras, as despesas extras das distribuidoras entrarão na conta do cliente no mês seguinte.
Um dos objetivos do governo federal ter adotado esse sistema é o fato de que o impacto da energia alta deste ano acabou fazendo com que as distribuidoras recorressem a empréstimos para pagar a alta do preço da energia. Elas pediram emprestado mais de R$ 10 bilhões e já há consultoria alegando que esses financiamentos vão resultar num reajuste de mais de 7% na conta de energia, quando for calculado o percentual do próximo ano. Há especialistas que acreditam que esse impacto será maior, porque o consumidor não vai pagar só o empréstimo, mas também os juros dos financiamentos.
“O cliente residencial terá que se preparar para o sistema da bandeira tarifária e passar a monitorar mensalmente o preço que foi definido pela Aneel”, aconselha Conceição. O preço será publicado no site da Aneel (www.aneel.gov.br)
Em 2015, a expectativa é de que o preço da energia no mercado continue em alta, porque o governo federal deve manter as térmicas funcionando para encher os reservatórios das principais hidrelétricas do País. Os reservatórios das hidrelétricas do Centro-Oeste e Sudeste estavam armazenando apenas 18,4% da sua capacidade no mês passado. As duas regiões respondem por 70% das hidrelétricas. Em outubro de 2001, os reservatórios das duas regiões estavam com 21% da sua capacidade. No ano seguinte (2002), ocorreu um racionamento de energia que levou muitas empresas a não funcionarem nos dias úteis.
Da redação