Na última sexta-feira, nos estúdios da Radio Jornal, o senador Armando Neto (PTB-PE) deu uma sonora gargalhada quando alguém lhe perguntou se o governador Paulo Câmara não estava ajudando a reunir a oposição ao dispensar o apoio do DEM e o PSDB: Ajudou, disse. Ajudou muito.
No ar, Armando Neto disse que parecia claro que a frente organizada pelo então governador Eduardo Campos estava se desfazendo. Por iniciativa própria do partido que a liderava através do governador Paulo Câmara. E que isso ajudaria a reorganizar as forças políticas contra o grupo do PSB que, após a morte do líder, estava numa posição errática pelo déficit de lideranças.
O senador, o hoje ministro da Educação, Mendonça Filho e o líder do PSDB, e também ministro das Cidades, Bruno Araújo estão achando ótimo a decisão do governador Paulo Câmara em fechar as portas para uma composição no segundo turno das próximas eleições. Porque ela ajuda a juntar o DEM, o PSDB além do PTB de Armando Neto, o PT de João Paulo, o PV de Augusto Costa e vai por aí. Com uma cartada só, Paulo Câmara conseguiu reunir contra seu candidato Geraldo Júlio toda a oposição num eventual segundo turno. E o mais grave: seis meses antes da eleição.
Certamente o PSB tem absoluta certeza que Geraldo Júlio será eleito no primeiro turno. Bom, pelo menos o deputado Pedro Eurico – que é filiado ao PSDB e que, apesar do governador formalmente ter pedido seu cargo, ele não ter entregue – tem.
Pedro Eurico, aliás, é um caso a ser pesquisado. O governador já o desautorizou diversas vezes. Já criticou o seu trabalho à frente da secretaria de Direitos Humanos e ele não larga o cargo. Foi o primeiro a criticar o seu PSDB por querer lançar um candidato a prefeito esquecendo que hoje Daniel Coelho – diferente dele – fala de direto com a direção nacional do partido. Ele, como Geraldo Júlio, tem absoluta certeza que o prefeito será reeleito no primeiro turno.
Mas não deixa de ser curiosa a posição do governador como o líder maior do PSB em Pernambuco em relação ao DEM e ao PSDB. Para começo de conversa, se é verdade que pediu os cargos como disse na nota distribuída quinta-feira quando justificou a rompimento, parece claro que para o PSB, a aliança de 2014 foi feita pré- contratando 2016.
Ora, isso pelo “Manual Básico de Alianças” não existe. Cada eleição tem uma aliança especifica. Somente os amadores acreditam ou celebram esse tipo de aliança. E pelo que sabemos nem Mendonça Filho, nem Bruno Araújo são amadores.
Depois, se Priscila Krause será candidata e Daniel Coelho, também, é obvio que o DEM e o PSDB teriam que sair do governo em junho quando as convenções. E sendo assim, não estava fechada a porta para um eventual segundo turno. Um rompimento dessa magnitude agora se reproduz nas dezenas de cidades em que os três partidos estariam juntos no pleito municipal.
Então porque Paulo Câmara mandou para casa partidos que tem comportamento cortês até esta semana? Quem teria pressionado para isso? Será que Geraldo Júlio dispensa o apoio deles desde já? Ou será que o PSB se fia no apoio de Jarbas Vasconcelos do PMDB?
Certo, é verdade que Jarbas é o avalista na aliança a nível do estado. Do vice Raul Henry a outros cargos ele é sócio do governo Paulo Câmara. Mas não é sócio de Geraldo Júlio na prefeitura. E se se sentir assim não deve ter sido consultado para esse rompimento. Logo agora que ele, o DEM e o PSDB estão junto a nível nacional, inclusive, tendo ajudado a levar Mendonça Filho e Bruno Araújo ao governo Temer.
O senador Armando Neto classificou a explosão do DEM e do PSDB a um possível déficit de lideranças. Talvez esteja errado. Com a morte de Eduardo Campos, parece claro que hoje o que não falta ao PSB é lideranças. Tanto que elas já são capazes de pressionar o líder oficial a dispensar outros partidos.
Mas sempre é bom lembrar: o PSB está apostando seu futuro na eleição de Geraldo Júlio. Se ganhar consolida uma colossal força capaz de esnobar um time inteiro de partido e vencer a eleição. Se perder, vira um partido sem perspectivas de poder, inclusive em 2018, obrigando Paulo Câmara a reconstruir o caminho destruído por ele mesmo agora.
E será que Jarbas jamais está interessado em ficar a reboque desse time se até outubro? Como se diz na política entre a data da desincompatibilização e a eleição existe uma enormidade de 180 dias. E se a gente toma por base o que aconteceu, em uma semana, no processo do impeachment de Dilma Rousseff, imagina ao que não pode acontece até a eleição?
Mas, certamente, Paulo Câmara avaliou tudo isso e Geraldo Júlio concordou. Até porque, como diz o secretário de Administração Milton Coelho costuma dizer, se existe uma coisa que o PSB de Pernambuco sabe fazer é conta. Mas será?
Da Redação do Blog do Edy Vieira/JC