No dia em que é comemorado o Dia Nacional em defesa do Velho Chico, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) lembra que o trecho pernambucano de um dos mais importantes cursos d´água do País sofre com o lançamento dos esgotos domésticos e com a navegação inviabilizada em função da estiagem. Presidente do Comitê, Anivaldo Miranda lembra que esta sexta-feira deve ser dedicada à reflexão socioeconômica e à preservação da bacia, que abrange 639.219 quilômetros de área de drenagem e vazão média de 2.280 m3/s.
“O rio sofre há décadas, sobretudo em função dos impactos em decorrência do assoreamento, erosão de suas margens e destruição das matas ciliares, assim como a pesca predatória e o mau uso do solo. Os problemas, contudo, foram potencializados após a expansão urbana aliada à atividade econômica e a construção de barragens para dar lugar às hidrelétricas”, comentou. Para a Região Nordeste, a bacia do Rio São Francisco é a mais importante, e responsável por alimentar reservatórios como Sobradinho, Três Marias e Itaparica.
Para se ter ideia, o uso inadequado dos aquíferos subterrâneos, o uso irracional da água e a falta de chuva nas cabeceiras do rio formaram uma bolha capaz de secar a principal nascente do Velho Chico, no ápice das crises hídrica e elétrica do País, em 2014. Naquela época, o Operador Nacional do Sistema Elétrico precisou ativar as térmicas para preservar a água do Velho Chico. A medida teve impacto direto na conta de energia elétrica dos brasileiros. Nunca se falou tanto da importância do São Francisco como naquele momento.
Apesar de importante para a economia, Miranda lembrou ainda que a presença de indústrias e agroindústrias, no Alto, Médio e SubMédio do São Francisco, especificamente as extrativas de Minas Gerais e nos polos agroindustriais de grãos e fruticultura, localizados no norte e oeste da Bahia e no sul de Pernambuco, usam a água em grande escala. Uma das áreas onde a poluição é mais crítica é a Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde se registra, além dos esgotos, uma alta carga inorgânica, da extração e beneficiamento minerais.
Na análise do professor Vicente de Paula, Pernambuco tem uma costa fluvial de aproximadamente 400 quilômetros, que vai de Petrolina a Petrolândia. “Várias cidades mandam seus esgotamento sanitários para dentro do rio”, frisou. Ele disse que, com relação à Transposição do rio, o impacto da obra foi avaliado pelo Governo Federal, mas que, por conta do atraso, houve um desgaste natural do empreendimento.
Da Redação do Blog do Edy Vieira/Folha PE